sábado, abril 30, 2005

Não se percebe...

Estava eu passando meus olhos pel´O Público de 30 de Abril (i.e. hoje) e eis que leio Vasco Pulido Valente queixando-se de como é incompreensível "como a Alemanha seguiu Hitler numa aventura sem sentido". Será defeito (leia-se mau feitio) meu, mas não é essa a essência da bicharada humana, seguir aventuras sem sentido?

Banalidade de hoje: a felicidade é a perda de consciência de Si.

sexta-feira, abril 29, 2005

e, no entanto...

Ei, isto não era assim quando eu por lá andava! De onde saiu o juiz, foi exilado? Ou será possível que...

«O tribunal de júri de Ponta Delgada recusou-se ontem a aplicar o artigo 175º do Código Penal aos arguidos envolvidos no caso de pedofilia de Lagoa. O artigo prevê a punição a "quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo com menor entre 14 e 16 anos", mas o tribunal considerou-o "uma ofensa ao princípio da igualdade" consagrado pelo artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, que desde a revisão de 2004 inclui o direito à não discriminação por orientação sexual.»

Público, 28 de Abril
(Citado por Portugal dos Pequeninos, aliás em Para lá de Bagdade, ou melhor pelo Resistente Existencial.)


Já o Diário de Notícias, como que a publicitar o acesso pago aos conteúdos magníficos das caixinhas do Público, arruma o assunto em meia frase: «(...) considerou "inconstitucional" penalizá-los pela sua orientação sexual quando envolvidos em actos homossexuais com menores.» De bradar aos céus!


Mas a ler, a ler mesmo, é a descrição (e por favor completa) do acórdão de Ponta Delgada, no portugaldospequeninos:
No meio do Atlântico, nos Açores, há um magistrado que deve ter lido Suetónio e o prefácio de Gore Vidal à célebre versão da "Vida dos Doze Césares" do primeiro, de Robert Graves. (...)
Logo - entende este magistrado - constitui uma "ofensa ao princípio da igualdade" a citada norma do Código Penal que pune "quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo [onde diabo estará o "relevo" de um "acto homossexual" ? e existirão "actos homossexuais sem "relevo"?] com menor entre 14 e 16 anos". (...)
Como a história abundantemente mostra, não há na sexualidade propriamente uma norma, um dever-ser e, nesse sentido, não há nenhuma sexualidade "natural". O que existem são pessoas que possuem uma sexualidade que se manifesta, ora consigo mesmo, ora com mulheres, ora com homens, ora com ambos, ou, como na antiguidade pagã, com os "rapazes". Gore Vidal vai até mais longe e explica que não há homo ou heterossexuais, mas antes actos homossexuais ou actos heterossexuais. Nem Suetónio, primeiro, nem Gore Vidal ou Mary Renault séculos depois, diriam melhor que este acordão de Ponta Delgada.

quinta-feira, abril 28, 2005

religiões razoáveis / o fatimismo

«Há um ser, que não pode ser nomeado, sobre quem não é possível saber nada, e ao qual não se deve prestar culto.»

não há, evidentemente, um nome que se possa dar a esta gente

É inacreditável (e daí porquê?), mas se o cardeal Alfonso Lopez Trujillo se limitou a apelar à objecção de consciência ou desobediência civil dos funcionários públicos y alcaldes, vem agora o cardeal Ricard Maria Carles traçar uma linha recta entre as novas leis de casamento e adopção do estado espanhol... e Auschwitz.

A citação, vertida pouco mais ou menos do inglês (parece que também é uma breve do jornal para as classes A/B+), é esta:

Aqueles que trabalhavam em Auschwitz não eram delinquentes, mas sim pessoas forçadas a -- ou que acreditavam que tinham de -- obedecer às leis do governo nazi, e não à sua própria consciência. (Irish Examiner)

&

Se dermos prioridade ao cumprimento da lei, e não à nossa própria consciência, isso conduz-nos directamente a Auschwitz. (The Washington Times)

Ora, não só não consigo perceber no que é que uma lei vagamente inclusiva pode ser comparada a toda uma política exclusiva, como também tenho uma ou duas perguntas:

Quantos católicos é que rodavam torneiras em Auschwitz? E não havia papas, nem cardeais, à época? E quantos é que carregam em botões, hoje??? Ah!, é verdade, mas a pena de morte, ao contrário da homossexualidade, não é desumana, nem iníqua...

Quantos católicos é que estão, hoje, a travar combater a guerra injusta (infalibilidade dixit) do senhor Bush? Ou nenhum deles inala, como o senhor Ratzinger?!?

E já que a Inquisição Espanhola acabou em 1834, e como cem anos depois a ICAR se portou tão bem ou melhor que a Alemanha-Nazi ou a Rússia-Soviética, estão à espera mesmo de quê para acender as fogueiras???


Se isto não é relativismo moral, não sei o que será...

(Estes gajos nunca aprenderam a ler, pois não?)

Se isto não é um apelo ao ódio e à violência, não sei o que será...



GOYA (1746-1828)



The Spanish Inquisition [...] was also used as a tool to punish and eliminate homosexuals.

Não posso! E já agora, Auschwitz também, ou não?

Despair #13

A) If you can't be happy where you are, you can't be happy anywhere. Discuss with examples from your own life.

B) Hell is Other People. Do you agree? Demonstrate how this might or might not apply in the case of:

i) The Armenian Massacres of 1915

ii) Either the life of Algernon Charles Swinburne or the death of Walt Disney

iii) the darkness before creation

(Answer two of three.)

C) Construct an analogy using the saline nature of either tears or the sea and the salt that makes a dish palatable and adds piquance and savour.

(Examinees are encouraged to refer to either the third daughter of Llyr or Lot's wife, but not both.)

D) If I was God I would abolish...............

Complete in 250 words or less. Physical practicalities and human nature are to be respected. The Law of Conservation of Happiness may not be violated.

(Counts for 50% of your final score.)


Neil Gaiman, The Sandman Endless Nights, New York, DC Comics, 2003

quemerdademundo!!!

correndo o risco de estar me repetindo:

não que eu seja católicofobo, mas bem que podiam morrer todos.

p.s. - já alguém notou que não se especifica o sexo d@s setenta virgens que aguardam ansiosamente cada bravo muçulmano no paraíso... ah, os activos não são rabetas, já me estava esquecendo. por momentos pensei haver um lapso progressista num texto religioso. silly me...

p.s. II - o gerúndio é o tempo mais bonito da língua portuguesa. podemos candidatá-lo a património da humanidade? como/onde se contacta a unesco?

terça-feira, abril 26, 2005

um bocadinho de história...

Eu vi nascer o 25 de Novembro muito antes. Numa manhã fria de 68, em frente à Reitoria, ao alto da Alameda da Universidade. Era um plenário de estudantes em greve. E eis que chega à mesa, constituída por dirigentes estudantis próximos de um partido então clandestino e na origem de outro que daí a nada se formaria na Alemanha, uma moção. Eu vi. O dirigente pegou no papelinho, deu um rapidíssimo relance de olhos, meteu-o ao bolso. A moção -- o que proporia ela? -- não foi apresentada à multidão que constituía aquela Assembleia improvisada. Muitos anos depois, descubro, numa publicação estrangeira, uma fotografia em que ainda se vê o braço arqueado desse dirigente e a mão a aproximar-se do bolso do casaco com um pequeno papel: a tal moção surripiada (ao que suponho) em nome de altos interesses estratégicos.

(...)

Mas aquela moção metida ao bolso -- e não sei o que continha a dita, nem de onde provinha, sei só que a subscrevia um grupo de estudantes e que foi enviada à mesa -- marca, para mim, como gesto simbólico, o início do fim desta luminosa inquietação, febril sentido de liberdade, busca ávida das mais diferentes, divergentes e convergentes soluções. O início do fim deste luxemburguismo ingénuo desses anos (...). Naqueles segundos em que a mão levou o papel ao bolso, a luta deixou de ser impulsionada pelos movimentos estudantis, a mesa abusou de um poder que não lhe deram os que cá em baixo estavam, os partidos (em formação, crise ou em alteração) recomeçavam a ocupar o lugar de "ordeiros da oposição". A Assembleia passou a ser A Mesa. A desordem provavelmente inconsequente daqueles anos de crise vitalista da oposição que se sucederam a Delgado dava lugar à ordem.

E a "ordem" era a que era ditada por Ialta, o Tratado de Tordesilhas do século XX. O mundo dividia-se de novo em movimentos na órbita dos EU (vulgo CIA) e movimentos na órbita da URSS (vulgo KGB). E o que é divertido pensar hoje é que ambos os campos definidos por esse tratado estavam em jogo naquele gesto simbólico e naquela mesma pessoa que meteu a moção no seu histórico bolso. Ou não fosse quem a sonegou um (nessa altura) dirigente do PC que pouco tempo depois iria fundar o PS...

(...)

É por isso que eu vi nascer o 25 de Novembro muito antes de ter visto rebentar, incrédulo, o 25 de Abril na madrugada a seguir a uma ida à ópera no Coliseu (A Traviata de Verdi com Joan Sutherland e Alfredo Kraus).

Com o 25 de Abril foram de novo ultrapassadas as lógicas partidárias. O espantoso e surpreendente movimento social que rebentou entre esse dia e os finais de Maio de 1974 fez com que nesses dias ruísse tudo o que era doutrina. E como era divertido ver as formações partidárias, recém formadas ou recém-estruturadas, correr atrás dos acontecimentos. Pouco faltou para que o CDS não se considerasse marxista-leninista.

Não havia doutrina que conseguisse deter o fluxo interminável de desejo que durante esses dias fez cair as barricadas do capitalismo (só as barricadas, ou melhor: só algumas barricadas).

Mas, é claro, aqueles mesmos protagonistas que tinham sido os dirigentes estudantis na tal mesa do tal plenário de estudantes em greve numa manhã de 1968, haviam de querer meter tudo nos eixos. Fazer renascer a doutrina da balbúrdia do desejo. A Mesa sobrepor-se à Assembleia.

(...)

A lógica partidária (a cegueira política) venceu. O leninismo fez esquecer o incipiente luxemburguismo de há uns anos. O 25 de Novembro já estava feito há muito. A luta política deixou as ruas, saiu do desejo das pessoas que dela abdicaram, delegando. Delegando até nos "melhores" (Sampaio é melhor do que Cavaco, eu até fiquei contente) -- mas resumindo a sua política à delegação.

(...)


Jorge Silva Melo, «Eu vi nascer o 25 de Novembro muito antes»
Revista Abril em Maio, número zero, Maio de 1999
(pp. 3-9; sublinhados e cortes evidentemente maus)

Ò meu amigo Bruno Carapinha:

Não é mesmo possível abandonares o alto cargo de Presidente da Mesa sem deixar um xixi no cantinho, a marcar a passagem, agora que outros voos se aproxim[ar]am?

Está bem que mudar os estatutos é chato e assim, que ninguém os cumpre (ou será lê?) vai para mais de quinze (?) anos, e tal, mas também não vale a pena insistir nas originalidadezinhas...

Talvez te tenha passado pela cabeça que uma RGA/AGA (outra das tuas inovações de grande alcance) com cinco -- 5 -- tópicos na ordem de trabalhos não era suficiente, e que era mesmo preciso aumentar o interesse à coisa, mas desde quando é que se marcam eleições quando nos apetece com os pés?

Sempre pensei que isso se fazia na assembleia ordinária (aquela que devia ter sido em Janeiro, mas já nem sou esquisito), logo a seguir a serem aprovados (ou não) o relatório e contas do mandato anterior. Suponho que daqui a 12/13 meses sempre se tenha feito assim, e que é mesmo assim que deve ser.

Acredito piamente na nobreza da iniciativa, que se destinará tão-só a impedir que a tua querida associação se encontre na deriva da auto-gestão durante demasiado tempo -- só duvido é que ela alguma vez não esteja nessa situação...

Tens de admitir que vossas mercês fazem o que muito bem vos apetece, naturalmente com a melhor das intenções, como quando em Abril se aprovam relatórios de contas que acabam em Dezembro (sem que haja parecer do Conselho Fiscal, o que é evidentemente um pormenor), para que em Maio, depois das eleições, seja um até-há-pouco-Director agora-Presidente-do-CF a fiscalizar os gastos que fez durante cinco meses.

Na altura até vos dissemos que isso era uma imensa barbaridade, que para todos os efeitos não tinha sido aprovado relatório do mandato e que à luz do Código Civil nenhum de vocês se poderia recandidatar. Já para não falar dos telefonemas em plena RGA ao Presidente-do-CF (não o Luís Sá, esse ainda-era-Director, @ outr@, @ amig@ da Sandra) para que elæ se comprometesse a assinar uma coisa um parecer (um documento-tipo, esclareceste-nos) que versava assim: após análise profunda e detalhada das contas da aeflul...

Isso não aconteceu, obviamente, vocês voltaram todos a ganhar as eleições, ao fim e ao cabo somos todos amigos e vocês é que são os donos da bola, podem amuar e levá-la para casa quando muito bem vos apetecer, e depois @s outr@s menin@s não brincam, e isso não era bom para ninguém.

Estou-me a lembrar por exemplo, para não nos acusarem de sermos reformadorófobos, de quando o camarada Miguel Reis Manda, do alto da cátedra agora por ti ocupada, entendia meter ao bolso todos os requerimentos e moções que @s menin@s com lepra lhe entregavam, porque ele é que tinha uma vasta experiência de assembleias e aquilo não eram documentos sérios e não tinham tipos de letra normais e ele não era capaz de os ler... (Há dias, no congresso do CDS/PP, aprendi que se calhar ele tinha razão e que a mesa não tem de aceitar tudo o que é papel, mas leram-nos à mesma, e por isso acho que quando o camarada Miguel se mudar para o PS deviam mandá-lo aos congressos dos outros partidos, para ele ganhar chá.)

...ou de quando praticamente não nos deixaram concorrer, porque não queríamos ganhar as eleições e não éramos uma lista séria, tínhamos por único objectivo ridicularizar a vossa vetusta instituição.

Mas como não quero lembrar momentos menos bonitos, vou acabar...

Já não tenho aqui uma cópia do Código Civil à mão, por isso pergunta à advogada: pode-se mesmo marcar as eleições sem ser na reunião ordinária em que se aprovam (ou não) o relatório e contas? E se ela disser que sim, pede por favor que te mostre, e que te explique as nuances.


[rga/aga marcada para 27 de Abril de 2005]

uma dor no rabo

É impressão minha ou, dois meses e meio depois, o espaço virtual dinâmico da aeflul* não só não sofreu qualquer espécie de alteração ou acrescento, como continua a ter dúvidas quanto à grafia de Concelho Fiscal?

Não se podia resolver isso antes das eleições -- vá lá, antes do fim do ano?!

E se não for pedir muito, não se arranjam fotografias novas, para conhecermos outros bêbados?


* associação de estudantes da faculdade de letras da universidade de lisboa

domingo, abril 24, 2005

Hades arder no inferno, hades...

Eu até ouvi o Dr. Mário Soares dizer que preferia que fosse outro o papa eleito! Como se o Espírito Santo pudesse ser influenciado, na altura de "soprar" o nome do escolhido aos outros cardeais...

Paulo Portas. (Riso escarninho, pose de estadista, gargalhadas alarves da plateia "democrata-e-cristã" para o horário "nobre".)
O homem até acredita (acreditará?) na democracia divina, mas já os mandamentos são sacrificáveis ao soundbyte e à piadola.

Se bem que tudo seja expectável de quem rogou a intercessão da virgem de fátima para que esta "soprasse" o petróleo do prestige para a galiza. (O que fará dele amigo íntimo da família, qual Karol e reles bala transviada!)


ps: O não-sei-quantos Pires de Lima refere-se ao seu conclave deles com as palavras "rebanho" e "cordeiros"... Mas não pode morrer um papa sem que toda a gente fique senil?

sábado, abril 23, 2005

RE: eugosteidesteartigo...

Sim, 'tá bem, é giro e tal, cita o Aleph e fala no Adso (piadinha p'ra ti), mas velho, tão velhinho...

(Pronto, ainda que eles critiquem o facto a verdade é que não encontro data de publicação... Posterior a '99, sim, mas?!)

Da época em que o Yahoo e o Altavista ainda eram referências, em todo o caso.

E dez anos depois de ter início o IMDB (de que também fala), aparentemente...

IMDB esse que terá levado uns bons 12/13 anos a crescer a partir do nada até aparecer no topo de tudo quanto é pesquisa relacionada com filmes. IMDB esse que aliás integra alguns dos requisitos que destacaste do artigo: "intercâmbio de experiências, acção conjunta e produção colectiva do conhecimento".

Já agora, imagino que ainda não existisse a Wikipedia...

Mas é um bocadinho um texto sobre nada, ou não?! Nenufárico.

A Biblioteca Infinita

mais um artigo sobre a babel (ou talvez não) gúglica.

[apontado em Ponto Media]


adenda:

Agora que voltei a acrescentar ali ao lado o custo da guerra no Iraque -- que vai em $164,975,392,594 (ah, e só para os EUA) --, note-se que este valor daria, segundo as contas do MIT Technology Review, para digitalizar dezasseis mil milhões de livros...

Ou seja, mil vezes mais que o google-print e bibliotecas adjacentes.

O que não é, não pode ser, obviamente, uma atribuição do Estado...

uma verdade revelada

If they [no caso os jornalistas, mas a asserção é amplamente extensível] had the technical expertise and the money to create a more reader-friendly medium, it's no doubt this chronological "Web log" nonsense would end.


O que é especialmente verdade para "projectos" cuja informação podia e deveria ser devidamente estruturada, como os (porquê?!) blogues Estudos sobre o Comunismo e Guilhermina Suggia -- de uma inutilidade praticamente extrema tal como estão a ser feitos...

[artigo apontado em Ponto Media, case-study de utilização absolutamente correcta do formato web-log, registo da rede ou tronco-de-teia]

terça-feira, abril 19, 2005

da fogueira preemptiva

Galileu e a teoria da suposição

Galileu teve mais sorte do que o pobre dominicano Giordano Bruno, queimado vivo na fogueira de Campo de' Fiori (1600) devido às suas teorias acerca do universo infinito e, por isso, considerado «frade apóstata» e «herético impenitente». Alguém defende que a mitigada punição infligida a Galileu constituiu uma correcção de rota precisamente em relação à radicalidade da punição de Bruno. De qualquer modo, Galileu era um cientista de renome mundial e gozava de poderosas e influentes amizades, desde a do grão-duque Cosimo II até à do cardeal Maffeo Barberini, futuro Papa Urbano VIII. Porém, nem estas poderosíssimas amizades lhe puderam evitar a prisão e a pública retra[c]tação das posições defendidas no Diálogo.

Galileu foi, com Copérnico, Kepler e Newton, um dos fundadores da ciência moderna. Não só como físico, matemático ou astrónomo, mas também como criador de uma metodologia científica nova que alia o uso da experiência ao uso da razão, sob o controlo de um novo princípio da não-contradição que, como diz Galvano della Volpe, «não é nem o princípio técnico-verbal abstracto da lógica formal nem o princípio ontológico-lógico da metafísica (de Parménides aos escolásticos e a Leibniz)», mas critério decisivo que verifica a funcionalidade, ou não, da razão (della Volpe, 1973: 491-97). Todavia, não obstante a incontestável e incontestada paternidade galileiana da ciência moderna, a Igreja católica só com o Papa João Paulo II iniciou a revisão do processo a Galileu, movido e conduzido pelo tribunal do Santo Ofício. Disse, com efeito, João Paulo II: «Galileo Galilei, digo, cuja obra científica, imprudentemente hostilizada no princípio, é agora por todos reconhecida como etapa essencial na metodologia da investigação e, em geral, no caminho para o conhecimento do mundo da natureza» (Setembro de 1989).

Estranha, muito estranha, parece ser, pois, a conferência de Parma (de Março de 1990) do prefeito da Congregação para a doutrina da fé, cardeal Joseph Ratzinger, onde o influente dignitário da Santa Sé procura, apoiando-se em textos de Ernst Bloch e de Feyerabend, minimizar a imensa conquista científica representada pela afirmação da teoria heliocêntrica, chegando mesmo a pô-la em pé de igualdade com a teoria geocêntrica, sob o pressuposto de que tanto esta quanto aquela pressupunham um conceito de «espaço em si tranquilo» e absoluto, que a teoria da relatividade, afinal, veio pôr em causa. Ratzinger chega a afirmar que é de admitir que exista uma «via directíssima» que vai de Galileu à bomba atómica. Com Feyerabend, Ratzinger chega a admitir que, afinal, «a Igreja se manteve, no tempo de Galileu, bem mais fiel à razão do que o próprio Galileu, tendo tomado também em consideração as consequências éticas e sociais da doutrina de Galileu»; que «o seu processo contra Galileu era racional e justo, enquanto a sua actual revisão se pode justificar só com motivos de oportunidade política» (Ratzinger, 1990). Mas Ratzinger não se fica por aqui. Sugerindo um relativismo universal da própria ciência, cita duas clamorosas afirmações do filósofo Ernst Bloch:

1) «com a abolição de um espaço vazio e tranquilo não acontece nenhum movimento em direcção a ele, mas somente um movimento relativo dos corpos, de uns em relação aos outros, e a sua estabilidade depende da escolha dos corpos tomados como pontos fixos de referência: assim, para além da complexidade dos cálculos que daí derivariam, não parece, de facto, improponível aceitar, tal como se fazia no passado, que a Terra seja estável e que seja o Sol a mover-se»;

2) «a partir do momento em que a relatividade do movimento está fora de dúvida, um sistema de referência humano e cristão antigo não tem certamente nenhum direito de se envolver com os cálculos astronómicos e com a sua simplificação heliocêntrica, mas tem, todavia, pleno direito metodológico, por força das implicações de importância humana, de manter esta Terra fixa no centro e de ordenar o mundo à volta de quanto nela acontece e aconteceu».

A revisão do processo a Galileu, decidida, em coerência com o Concílio Vaticano II, por João Paulo II, parece interromper-se com esta intervenção do responsável pela Congregação para a doutrina da fé. Intervenção que, aos olhos do senso comum, não pode deixar de ser clamorosa ao defender:

a) igual legitimidade pós-einsteiniana das teorias geocêntrica e heliocêntrica;

b) que a posição da Inquisição na condenação de Galileu foi mais racional do que o próprio método científico-experimental que iria conduzir ao nascimento da ciência moderna;

c) que é legítima a recusa de resultados científicos válidos (da verdade científica) quando eles contradisserem a centralidade histórico-social de normas, crenças ou valores legados pela tradição;

d) que o neo-relativismo científico moderno deve ser contrabalançado por uma espécie de humanismo geocêntrico;

e) que, em suma, Galileu é directamente responsável pela construção e (por que não?) pelo lançamento da bomba atómica!

[...]


João de Almeida Santos, Os Intelectuais e o Poder
Lisboa, Fenda, 1999 (pp. 54-56)

oh, for fuck sake! - #2 e a sério

Entretanto, a meio da resposta anterior, "os sinos da minha aldeia", restaurados parece que à propos, repicam a rebate.

Roma está a arder tem um novo imperador, o povo rejubila ante a perspectiva de pão e circo, e é provável que os jogos retomem a tradição de queimar os infiéis na praça pública, para gáudio das gentes.

Excelente ocasião para os católicos renitentes abraçarem a luz.

Foi você que pediu um papa nazi?

oh, for fuck sake!

Nem vinte e quatro horas depois de dizer que este questionário é idiota...

Obrigadinha pela atenção.


1 - Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
"Ser" como em sabê-lo de cor?! Quereria?! Que tal a Ilíada?

2 - Já alguma vez ficaste apanhadinh@ por uma personagem de ficção?
Oh, eu sou um leitor "fácil"... Exemplos de personagens detestáveis (um menos que a outra): o estrangeiro Meursault e a allumeuse Chauchat.

3 - O último livro que compraste?
Isso deve ter sido há muito tempo... Provavelmente A Capital do Eça.

4 - O último livro que leste?
A sério?! Uma coisa sobre sismos que não conseguirá nunca ser um livro, por mais que seja revisto (as coisas que se editam, a maneira como se edita em Portugal...).

5 - Que livros estás a ler?
O 2º volume de cinco dos Thibault... (Sim, ainda!)

6 - Seis livros que levarias para uma ilha deserta?
Já cá faltava a ilha deserta... Livros grandes?!
Por exemplo: (i) a Bíblia "unabridged" – i.e., apócrifos inclusive; (ii) a Comédia Humana – i.e., algumas dezenas de romances/novelas do Balzac; (iii) o Ulysses – já que mo roubaram quando me tinha decidido a lê-lo; (iv) o À la Recherche du Temps Perdu – porque ainda não me decidi a lê-lo; (v) o Guerra e Paz – já que aparece sempre em listas de livros grandes; e (vi) outra coisa qualquer – O Medo, era uma ideia.

7 – Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê.
Passo.

sexta-feira, abril 15, 2005

hetero-crítica auto-aplicada

Um dos grandes méritos dos blogues é pôr a nu a infinita variedade da estupidez humana.

quinta-feira, abril 14, 2005

La France contre Google

France declared war on the United States three weeks ago.

You didn't notice? Clearly, you're not French.

This war is being fought against one of America's greatest exports. Not rock 'n roll. Not McDonald's or the Disney Co. This time it's Google that the French have in their crosshairs. (...)

Washington Post

Por exemplo, esta coluna do Washington Post, resultado gúglico nº 83 para google print jeanneney, é imediatamente descoberta no Vivísimo, e consegue ser muito mais aceitável que os artigos do NYTimes e Economist anteriormente e hetero- referidos...

É certo que a questão aqui é a popularidade, mas note-se que nem tudo foi inventado, e que nem o google poderá ser (para) sempre a ferramenta certa...

Ou não era esta também uma das leis do mercado?

[e quando é que a versão beta do google-suggest vai ser integrada na página inicial, mais à imagem dos clusters do Vivísimo???]

quarta-feira, abril 13, 2005

biblioteca nacional / equipamentos fotografantes

dúvidas houvesse sobre a banda larga, a digitalização imagética (?), os telemóveis-terceira-geração e a utilidade duvidosa de tudo isto, é tentar ler o Fernão de Oliveira e a sua Grammatica da lingoagem portuguesa...

duvido que a paleografia possa salvar alguém dos borrões pixelizados do formato jpeg.

que gente!


não é muito fácil descortinar uma lógica na bn-digital, a não ser a de topar com listas mensais de actualizações nós-estamos-a-trabalhar e este-sítio-é-tão-bonito...

mas como a incompetência não é absoluta, há o cantinho memória, onde até se separaram as obras por temas diversos: é preciso seguir três ou quatro links para chegar a algum lado, as listas não incluem as mais recentes adições, mas do mal o menos...

(tal como quanto à catalogação, responder-nos-iam que tudo obedece a um "processo": primeiro põe-se o título, algum tempo depois a editora, eventualmente o nome do autor, e nunca se aceitam sugestões de correcção de dados idiotas.)

frança vs. google / nov@s cruzad@s

através do abrupto, recém-regressado do meio do mar e basalto (galápagos? açores...), dois membros do middle-star-system (o primeiro mais inteligente que o segundo) dão conta da historinha -- e onde o nosso (meu) tom azedo costumeiro da altura só conseguia descobrir desconfiança nas capacidades francesas (europeias), vem o zépp encontrar chauvinismo e o seu amiguinho xenofobia...

[pronto, aceito o chauvinismo estritamente aplicado: patriotismo exagerado; amor exaltado à grandeza da pátria; do fr. chauvinisme, de Nicolas Chauvin, soldado de Napoleão tomado como tipo de patriota fanático]

mas, sendo inegável o estatuto indiscutível do inglês-língua-franca de hoje, e dando de barato que a "internet" é uma invenção estado-unidense-americana (que não é), sempre me apetecia saber porque é que o simples propósito não de contrariar mas de contrabalançar a hegemonia anglófona há-de ser mau em si mesmo.

ou não era isto a agenda de lisboa?


mais idiotices:

e a Biblioteca Nacional, ali ao Campo Grande, está atenta a este movimento?

e o depósito legal de conteúdos internéticos que o zépp queria, também tem de ser feito na américa, pela américa e para o mundo?

o nível da discussão self-centered: Excuse me, how many readers do we have in German and French? I could understand Spanish, but French??? Why, instead of trying to raise funds from a slupmed and impoverished Europe, don't they get more of their French and German stuff translated into God's other languages?

uma pérola da sempre excelente revista de referência liberal (?): Protecting France's tongue from its citizens' inclination to adopt English words is an ancient hobby of the ruling elite. The Académie Française was set up in 1635 to that end.

a descontextualização: The flaws in the French plan are obvious. If popularity cannot arbitrate, what will? Mr Jeanneney wants a “committee of experts”... é certo que o senhor director da bnf não sabe bem o que fazer, mas espero que já tenha ultrapassado esta fase. não havendo dinheiro para tudo (e a economist devia sabê-lo, já que defende isso mesmo), a selecção das obras a digitalizar é que deverá passar por um "comité de sábios"...

já o pagerank do google, e a sua capacidade de armazenar/pesquisar/organizar informação, tenho cada vez mais dúvidas... todas as alternativas são bem-vindas.

segunda-feira, abril 11, 2005

à atenção d@s classicistas

este texto

[abdicando por hoje de copy-paste]

domingo, abril 10, 2005

pré-publicação / o chocho de línguas

A revolução não é o convite para um jantar, a composição de uma obra literária, a pintura de um quadro ou a confecção de um bordado; ela não pode ser assim tão refinada, calma e delicada, tão branda, tão afável e cortês, comedida e generosa. A revolução é uma insurreição, é um acto de violência pelo qual uma classe derruba outra.

Nós estamos confrontados com dois tipos de contradições sociais -- as que existem entre nós e o inimigo, e as existentes no seio do próprio povo. Esses dois tipos de contradições são de natureza totalmente diferente.

As contradições entre nós e o inimigo são contradições antagónicas. No seio do povo, as contradições entre os trabalhadores são não-antagónicas, e as que existem entre as classes exploradas e as classes exploradoras, além do aspecto antagónico que apresentam, têm um aspecto não-antagónico.

«Então não querem abolir o poder do Estado?» -- Sim, queremos, mas não precisamente agora. Agora ainda não podemos fazê-lo. Porquê? Porque o imperialismo ainda existe, porque a reacção interior ainda existe, e porque as classes ainda existem.

Nós somos partidários da abolição da guerra; nós não queremos a guerra. A guerra, porém, só pode abolir-se por meio da guerra. Para acabar com as armas, há que pegar em armas.

O mundo está progredindo, o futuro é brilhante, e ninguém pode mudar essa tendência geral da História. Nós devemos realizar uma propaganda constante, entre o povo, sobre os factos representativos do progresso do mundo e do seu brilhante futuro, de modo que ele possa ganhar confiança na vitória.

Sem preparação, a superioridade não é realmente superioridade e não pode haver iniciativa. Uma vez compreendido esse ponto, uma força inferior, mas preparada, pode muitas vezes derrotar, num ataque de surpresa, forças inimigas superiores.

Dotado de um espírito indomável, este exército está decidido a esmagar seja que inimigo for; ele jamais se deixará subjugar. Sejam quais forem as circunstâncias, por mais difíceis que se apresentem, este exército bater-se-á sempre até ao último homem.

Mesmo quando o nosso trabalho é coroado de grandes êxitos, não há qualquer razão para que nos vangloriemos e tornemos arrogantes. A modéstia contribui para o progresso enquanto que a presunção conduz ao atraso. Devemos ter sempre presente essa verdade.

Como servimos o povo, não temos medo de ver apontadas e criticadas as falhas que tivermos. Seja quem for pode apontar as nossas falhas; se tiver razão, nós próprios corrigi-las-emos. Se aquilo que propuser beneficiar o povo, nós agiremos de acordo com a proposta.

A crítica deve fazer-se a tempo; é necessário desembaraçar-se desse hábito de só criticar depois de consumados os factos.

Devemos apoiar tudo o que o inimigo combate e combater tudo o que o inimigo apoia. Ser resolutos, não temer sacrifícios, vencer todas as dificuldades, tudo para a vitória.

Nós poderemos aprender aquilo que ainda não compreendemos. Nós não sabemos apenas destruir o mundo velho, nós sabemos também construir um mundo novo.


[com a devida vénia]

auto-citação / frases arrogantes

«O que vale, é que a minha incompetência só é ultrapassada pela dos outros.»

[onde se lê incompetência, leia-se o que vos apetecer]

domingo, abril 03, 2005

textosqueeunãopodiaterescrito

Karol Wojtila foi eleito Papa da Igreja Católica no dia 16 de Outubro de 1978 e adoptou o nome de João Paulo II.
Sucedeu a João Paulo I, cujo pontificado durou somente 33 dias.
Foi o primeiro Papa não-italiano em 455 anos e o primeiro Papa de origem eslava da História da Igreja Católica.
João Paulo II beatificou quase 1.400 pessoas e canonizou sozinho mais santos do que todos os Papas antecedentes juntos.

Karol Wojtila ficou conhecido como o «Papa Peregrino» pelas suas inúmeras viagens pastorais por todo o mundo, onde arrastava multidões pela sua popularidade entre os católicos.
Contudo, o seu inflexível conservadorismo em questões sociais e eclesiásticas, bem como o seu extremo controle das hierarquias da Igreja, valeram as mais acérrimas críticas ao seu pontificado.

Foi relevante o seu papel nos palcos da política internacional por ocasião da queda do muro de Berlim e da derrocada do regime soviético.
Foi provavelmente essa intervenção que levou muitas pessoas a confundir o seu anti-comunismo com humanismo. Que, como é óbvio, não são necessariamente sinónimos.

De facto, no que se refere a questões de humanismo, Karol Wojtila será sem dúvida recordado pelas suas posições de incompreensível complacência pela pedofilia nas hierarquias da igreja, recolhendo sem hesitação os mais insignes acusados em reformas douradas e em lugares de prestígio no Vaticano.
O seu desprezo pelos problemas das minorias sociais, a persistente secundarização das mulheres, numa anacrónica misoginia, e a sua inflexibilidade perante os questões da homossexualidade, valeram-lhe durante todo o seu pontificado as mais acérrimas críticas

Foi também digna de nota a sua aproximação institucional às hierarquias de outras confissões religiosas, assim numa espécie de ecumenismo de religiões seleccionadas.

Na questão de Timor manteve-se silencioso durante todo o período de ocupação Indonésia, que nunca condenou, nem sequer indirectamente.
Num silêncio por muitos considerado cúmplice, e que terá tido em vista a protecção dos interesses das universidades e colégios católicos que a Igreja mantém em todo o Sudeste Asiático, maioritariamente muçulmano, João Paulo II nem sequer alguma vez se referiu aos massacres perpetrados durante os anos de ocupação.
Em visita a Timor, João Paulo II, ao contrário do era costume quando visitava pela primeira vez um país, não beijou o chão, porque já tinha estado anteriormente em Jacarta.
Assim deixando politicamente bem marcado que considerava Timor como parte politicamente integrante da Indonésia.

No seu último livro «Memória e Identidade», que foi recentemente publicado, Karol Wojtila propaga ideias teocráticas de uma extrema intolerância, e manifesta mesmo dúvidas sobre a natureza das democracias laicas e liberais, que considera como inimigos a abater.
No livro, Karol Wojtila defende ainda a ideia de que terá sido o cartesianismo a fonte de todas as “ideologias do mal” e brinda-nos mesmo com pérolas como esta:
«Depois de Descartes, se o homem pode decidir por si mesmo, sem Deus, o que é bom e o que é mau, poderá também decidir que um grupo de pessoas seja aniquilado».

Será um Wojtila desconhecedor da História da Humanidade e das barbáries praticadas em nome do seu Deus e dos seus antecessores, que considera o laicismo «oposto ao evangelho», que despreza o Estado de Direito e, com todas as letras, postula no alto da sua infalibilidade papal que estamos perante «uma nova forma de totalitarismo subtilmente oculto atrás das aparências da democracia».
Ainda no seu livro, é na questão do aborto que Karol Wojtyla dá mais largas ao seu radicalismo, quando o compara a um «extermínio legal» e, perante a indignação geral, ao próprio Holocausto, desta vez decidido por «parlamentos eleitos democraticamente em nome de uma ideologia do mal, subtil e encoberta».

Mas terá sido talvez a inflexível rigidez da sua política face ao preservativo que terão valido a Karol Wojtila as mais ferozes críticas, que o acusam de ter privilegiado a ortodoxia religiosa em detrimento da disseminação da SIDA, já uma autêntica pandemia em muitas zonas do planeta.
A essa política, de proibição espiritual ou de queima ritual de preservativos, se deverão já dezenas de milhares de mortos em regiões tão distintas como a África ou as Filipinas.

Morreu ontem, depois da longa exibição pública da degradação do seu corpo minado pela doença, e a que se seguirá a exposição ritual do seu cadáver por uma semana.
Morreu em agonia e sem a dignificação da privacidade que é devida a qualquer ser humano na hora da sua morte.
Morreu vendido pelas hierarquias da Igreja a um espectáculo mediático e circense com objectivos meramente publicitários.

A História o julgará.


RANDOM PRECISION

sábado, abril 02, 2005

testesidiotasnanet

You scored as atheism. You are... an atheist, though you probably already knew this. Also, you probably have several people praying daily for your soul. Instead of simply being "nonreligious," atheists strongly believe in the lack of existence of a higher being, or God.

atheism


83%

Satanism


67%

agnosticism


67%

Buddhism


63%

Paganism


63%

Islam


54%

Hinduism


50%

Christianity


42%

Judaism


33%

Which religion is the right one for you? (new version)
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