quinta-feira, março 31, 2005

Maioria Absoluta V

uma resposta

pois se o tipo se dispunha depois de '95 a mudar de palácio e empatar vinte anos de enfiada de empreitada "ao serviço" da "coisa pública", vêem alguma razão para que não venha agora a correr salvá-la???

e pois se no fim do cavaquismo e com tabu à mistura ainda conseguiu arrancar uns assustadores (quanto foi mesmo? quarenta e sete? quarenta e oito por cento?) 46,09% dos votos (ou 45,03%, se também preferirem) contra o sampainho, como é que querem que as próximas eleições não sejam só um plebiscito, espécie de [re]confirmação do mandato presidencial???

escreveu ou não o osório, esse perigoso esquerdista, uma coisa (editorial da capital? só isto?) que acabava em saudades de cavaco é uma traição à minha juventude (mas escreveu-o)???

querem não lhes dar cavaco para os próximos dez anos??? matem-no...


outros disparates...

o vitorino (que nojo) tem obviamente (por agora) mais onde ganhar (mais). pois se nem vai a jogo com um poker de ases...

o manuel alegre, pobre coitado, lá deverá ter que fazer outra vez o mesmo papel (e vai ser engraçado perceber que o país está "mais à esquerda" que o pê-ésse quando ele tiver mais do que 15,7% -- não muito mais... o dobro? menos?).

alguém quer confirmar que o mário soares tem todo o direito de se candidatar e ser eleito uma terceira e quarta vez? era o combate do século... (no século errado, mas.)

o pê-cê e o bloco vão evidentemente apresentar candidatos "do seu pólo" (não há esquerda para ser dividida, donc...)

os fumadores de brokas não vão (ai não?!) recolher 7500 assinaturas para o movimento "seabra a presidente".

domingo, março 27, 2005

voltar atrás / não ter que fazer

duma página de textos sortidos vários, imensos (?):

Due to copyright restrictions, an etext of George Orwell's 1984 is not available in the US. This link is to a copy on an Australian server. This file is not to be downloaded or read if you don't live in Australia, because that would be double plus ungood thoughtcrime.

The Internet Sacred Text Archive


a cópia australiana do mil novecentos e oitenta e quatro acima proposta aqui (haverá outras).

e não era bem esta a referência antes anotada a propósito de direitos de autor, mas serve (idem).

sábado, março 26, 2005

sómaisumafotografs



só para sugerir que da próxima vez que subir(mos) a beira baixa evidentemente de comboio devía(mos) descer pelo meio do tejo.


[isto não é, não pode ser mais foleiro que as amiguits de baixo]

domingo, março 20, 2005

o público visto da covilhã

É de não ter paciência há meses de esmiuçar o dito, de na edição lisboa terem (mais o) que fazer, ou porque é que me chateia tanto não só a notícia (a primeira breve do local centro) como o facto de na internet ela merecer destaque, letras gordas:

Busca em autocarro de estudantes resulta na apreensão de haxixe!!!

Lá dentro ler-se-á que três estudantes de dezassete/dezoito anos, @s malandr@s, foram encaminhados para os quartos de detenção da polícia, por terem na sua posse nada menos que haxixe suficiente para mais de 400 doses individuais...

Passando ao largo do eufemismo perifrástico e das contas pelos dedos (lá chegaremos), registe-se ainda que a rusga ocorreu na sequência de uma suspeita "que se revelou fundada", atendendo à qual os senhores agentes da autoridade interceptaram os dois autocarros preparados para uma visita de estudo e efectuaram uma acção de busca às bagagens e revistas pessoais.

Portanto, os polícias são cidadãos esclarecidos, lêem jornais e vêem televisão, e dominam as estatísticas da incidência do consumo de estupefacientes de consumo ilegítimo entre as camadas menos adultas da sociedade europeia, pelo que acham por bem visitar uma amostra de setenta ou oitenta almas de partida para uma visita de estudo com os amigos... E saltam-lhes três peixinhos.

E o público segue, não sei se à custa de copy-paste dos comunicados da psp nem com que objectivo — demonstrar a pequenez do conteúdo, tapar buracos na mancha, providenciar a reforma dos costumes.

pergunta idiota primeira
Se esta enormidade se passou às 18h30 de anteontem (sexta-feira) e os três detidos foram presos (só uma interpretação) até à respectiva apresentação em tribunal, é lícito pensar que isso significa todo o fim-de-semana-com-dia-do-pai? Três noites? Sem ganza?!? Mas não tinham aprovado uma lei bestial no tempo do antónio d'oliveira qualquer coisa???

pergunta idiota segunda
Quatrocentas doses individuais? Cada um, os três e/ou os amiguinhos que ficaram agarrados? E, se não for pedir muito, quanto é isso em gramas de que haxe?

Era disto que sentíamos falta, da unidade de medida internacional dose individual (o que o público não faz para estimular o exercício empírico da matemática). Que pelos vistos não terá sido corrigida (ou ainda não estará em prática) no novo livro de estilo, no capítulo onde se sugeria a equivalência de quarenta hectares com sessenta campos de futebol, ou, melhor ainda, nos factores de conversão...

(No diário de referência (suponho que nos outros também) a dose individual varia de acordo com os hábitos de consumo dos polícias do josé manuel fernandes dos jornalistas que não assinam o que escrevem — e varia a maior parte das vezes entre os 0,1 e os 0,2 gramas por di.)

Fazendo as contas por alto: 400di = 40g = 13,3g/pessoa = droga que chegue para uma visita de estudo de uma semana (ou duas, pobres coitados?).

E o que vale é que nos pouparam aos ferranços que são as conversões para preços de rua...



ADENDA


Será possível que as notícias no JN e no CM sejam mais detalhadas que as do outro supostamente melhorzito? E o objectivo é??? Citar frases brilhantes género "trata-se de um tratamento de choque, que apesar de duro, pode muito bem vir a salvar alguns jovens da droga".

É imaginar as afinal cem crianças — que afinal iam para uma colónia balnear nojenta ao lado de Barcelona em viagem de finalistas — a correr vielas esconsas com traficantes duvidosos e a sair-lhes a sorte grande de drogas manhosas serem mais em conta que o haxe de terceira categoria que os outros traziam de Santa Maria da Feira.

quinta-feira, março 10, 2005

de volta ao google e aos livros, agora com a frância e os jornais

Não percebo se a história se limita a um artigo de opinião no Le Monde do director da BNF Jean-Noël Jeanneney — ou se a França mexe.

A história é a de que a Biblioteca Nacional Francesa pretende (vai?, irá?) digitalizar e disponibilizar na internet mais de vinte jornais franceses do século XIX e até 1944, a começar no próximo ano com Le Figaro, L'Humanité, Le Temps, seguindo-se-lhes outros dezoito títulos até 2010... Números gordos, potências de dez: trinta e dois milhões de páginas, 32.000.000 de euros.

A diferença em termos de credibilidade disto (só o artigo de opinião no Le Monde?, um programa apresentado para cimeira ver?, um plano previsto e em execução?, não percebo...), a diferença, em relação ao google print, não reside nos números — quinze milhões de livros até dão mais alguns zeros do que uma potência de dez à sétima (mesmo seguindo critérios soviéticos)...

pausa para citação-fétiche:

BOOKS. [...] The U.S.S.R. is the largest producer of books in the world, even when its annual title production figures are adjusted to allow for pamphlets and other variations in the concept of what constitutes a book, which is defined in the U.S.S.R. as a publication having not less than five pages. [...]

Collier's Encyclopedia, U.S.A., Crowell-Collier Educational Corporation, 1971.


A diferença está em que a Europa é muitas vezes pródiga de mais em ideias que não sabe como – nem pretende sequer conseguir – pôr em prática...

Porque mesmo que o plano do google esteja no segredo dos deuses — e que seja conhecido apenas através dos competentíssimos press-releases da corporação (vide as piadinhas sobre nenhum livro ter sido magoado in the making of etc.) e bibliotecas adjacentes —, ou exactamente por isso (nasdaq oblige), é certo que ele parece bastante mais sério do que o aparente esbracejar europeu/francês.

O monstro não fornece dados sobre a tecnologia que está a desenvolver (a inteligência corporativa é engraçada), como salienta o Le Monde, mas parece pensar no que está fazer — surpresa das surpresas, as páginas (mais de quatro mil milhões...) vão ser digitalizadas em modo texto (longa vida ao ocr), como se isso fosse algo de muito extraordinário...

É que, outra vez segundo o Le Monde, das oitenta mil obras disponíveis na Gallica, biblioteca numérica francesa, apenas mil e duzentas podem ser "lidas", e não apenas "vistas"... Alguém andou a fotografar setenta e tal mil livros, a trezentas páginas por volume, de telemóvel-de-terceira-geração ou equivalente em riste, presume-se, o que teve uma utilidade que se pode dizer discutível (ou de como a banda larga não é resposta para tudo), portanto. Até o gutenberg faz melhor.

Tendo isto em mente, e lembrem-se do minitel, estará a França, a Europa, finalmente disposta a ir para algum lado?


outras ligações anotadas:

uma: juntar a porbase a este estendal é só risível

duas: um francês a queixar-se, em francês

três: a lista das muitas obras do senhor director Jean-Noël Jeanneney à venda na fnac

quatro: isto existirá? e é o quê?

dão-se (dá-se?) alvíssaras a quem tiver mais e melhores links

quarta-feira, março 09, 2005

CASSANDRA

Eu quero fazer mais um discurso, espécie de treno sobre mim própria. Peço ao Sol, frente à sua última luz, que os meus odiados assassinos paguem aos meus vingadores não apenas a morte do meu senhor, mas a minha própria morte de escrava, que foi presa fácil.

Ó condição humana! A felicidade, uma simples sombra basta para a alterar ; quando se é infeliz, uma esponja húmida destrói de um golpe a pintura. E das duas mudanças esta última é a que me parece mais para lamentar.


Ésquilo. Oresteia - Agamémnon (4º episódio, vv. 1324?-1330)


in Ésquilo, Oresteia: Agamémnon, Coéforas, Euménides
Clássicos Gregos e Latinos #4
Lisboa, Edições 70, 1992
Tradução e introdução de Manuel de Oliveira Pulquério

no público:

Barroso sabe ler!!!

marco miliário:
de hoje a daqui a duas semanas, três, menos, ligações como esta – outras mais relevantes – para o público vão passar a servir de pouco, a não ser talvez para consumo do gestoriado da sonae, já que o acesso ao texto do jornal passará a ser exclusivamente pago...

nota gúglica:
Quaestioni tuae - gestoriado - nullum documentum congruit.
Nulla pagina inventa est quae "gestoriado" contineret.
O Conceito não existe, o Conceito não está na rede.
Pobre João Bernardo...

um bocadinho de vinagre:
Será que isto faz com que o conceito exista? E exista associado a figuras pequeninas soldadinhos de chumbo com verdete?