segunda-feira, fevereiro 07, 2005

RE: Resposta... -- a apel e o monstro

Antes de mais, a apel não "cumpriu apenas o papel de informar" coisa nenhuma. Aquilo que poderia interessar aos editores portugueses (aos livreiros menos...) não é a "futura existência do google print", prevista para um obscuro dois-mil-e-dez, mas sim a sua existência de facto, ou seja, a possibilidade de os editores enviarem os seus livros gratuitamente para pesquisa de conteúdo e aquisição online (mais uns trocos em publicidade), programa este lançado uns meses antes da loucura total. Depois, biblioteca britânica?! A de Oxford é-o, mas esta não assinou coisa nenhuma com o google. Quanto ao serviço informativo da apel estamos conversados... (Só para ser chato que é o que sabemos fazer melhor e não dá trabalho nenhum.)


Já o monstro...

O texto anterior acabava com uma pergunta-citação do google watch, site paranóico que esse sim cumpre o seu papel. (Outros já o fizeram sem querer, comparando os rastejadores do google aos aranhiços da matriz.)

Toda a gente (a começar por mim) está permanentemente deslumbrada com o google, as coisas que se encontram, do que eles se lembram, a sua absoluta indispensabilidade, para pensar nos mais que muitos buracos em que nos estamos a meter. E não apenas no que toca à privacidade (sim, eles sabem o que procuramos, o que escolhemos, e até passam uma vista de olhos pelas nossas cartas...) -- já que afinal são "só" um computador, e não a concierge ao fundo da escada --, mas também nos perigos de todo e qualquer monopólio.

Ou seja, se e quando o google morrer, onde é que está a fada-madrinha que sempre nos salvou? Se pelo contrário crescer, o que é que fazemos quando toda a internet for apenas a rede interna de uma empresa? Ou quando tivermos de pagar para procurar o que quer que seja? E que tal é saber que o Patriot Act permite a criação de uma base de dados de leitores de Marx, do Anarchist Cookbook, do Corão, de São Cipriano? E o cruzamento disso com comentários desagradáveis no blogger (propriedade do google)?

Mais, que dizer do fim da profissão do Borges-bibliotecário (partindo do princípio que ele não foi só leitor/escritor), e já agora do fim dos jornais, porque era disso que tratava o documentário-flash referido antes? E por arrasto das livrarias, quando o google se fundir com a amazon e adquirirem a xerox-hewlett-packard-compaq, e logo das editoras, já que quem quiser mesmo destruir arvorezinhas poderá sempre pedir a impressão do livro pronto-a-pegar...

Ou, na luta dos gigantes que se avizinha, quem será o primeiro espezinhado?!