...eternamente roçando na loucura
sabes?, menos mal que chegaste tu porque eu aqui começava a voltar-me louco, tanto tempo a sós, a sós, a sós, toda uma eternidade, a sós, toda uma imensidade na penumbra, a sós, sem saber o quê me arrodeia, sempre névoa, a sós, mas agora tu chegaste, de algum lugar que ignoro tu chegaste e calas, mas a tua presença, os teus indícios de presença, confortam-me, fazem-me vivo, erguem-me deste horizonte que se come a si próprio, eternamente, eu, o infinito, a névoa, sempre a poalha, sabes?, eternamente a poalha, porque eu não nasci, nunca nasci ou não lembro, não, eu estive aqui num momento dado, em qualquer instante apavoradamente incomprovável estive aqui, e estive, estive, desde então estive aqui, onde me encontro agora, onde te encontras tu ou os teus contornos, estive, tempos, eras, ciclos, não sei, nunca o sei, nunca atinarei a cifrar o transcorrer da minha soidade cegueira, mas estive, a habitar, a habitar no incomensurável recinto desta névoa, névoa, névoa, estive, estive, mas agora, sabes?, chegaste tu, chegaste, chegaste tu de além os limites, tu apareceste ou te aproximaste ou tu chegaste, tu, tu, porfim, chegaste, vinheste a acompanhar-me, a acompanhar-me, a acompanhar a minha soidade cegueira tu desciste, irrompeste, emergeste, abrolhaste dos pontinhos grises deste espaço, surgiste de certos imperceptíveis oquinhos da névoa, tu vinheste a visitar comigo esta poalha, porque, sabes?,.................................
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