sábado, junho 11, 2005

começou...

No Público de dezanove de março, sob o título «Os Principais Compromissos do Governo», elencava-se como uma das "medidas" do célebre "plano tecnológico" a «[introdução do] empreendedorismo como matéria obrigatória de ensino».

(Já agora, na mesma lista de tópicos em que, entre outras cretinices, se resumia o propósito dado como inevitável: «não aumentar a preços constantes o valor das propinas no 1.º ciclo [oh, que bom, que bom, viva o novo governo socialista que não vai duplicar o valor das propinas de dois em dois anos, até porque tinha de mudar a constituição, que chato, e lembrar às pessoas que os célebres mil e duzentos paus foram fixados em 1940, e que na altura até havia uma guerra, e racionamento, e assim] e adequar o valor das propinas à natureza do 2.º ciclo [ei!, mas isso quer dizer que afinal vão triplicá-lo?]». Está visto, Bolonha nunca foi senão isto. Eu não queria acreditar, mas pronto, acabou-se.)

É evidente que estou a escrever de Carcavelos.

E gostava de dizer que isto é só o princípio, num post princípio-do-fim-do-mundista, mas vai ficar só a indignação (comme d'habitude).

Que merda de blogosfera (entendida como o conjunto de blogs portugueses que segundo o technorati referem a palavra carcavelos) é esta, em que a esmagadora maioria dos posters (cromos, porque são gente pequenina?) só se chateia com o facto de a comunicação social, tão p.c. que ela é, não dizer que os meliantes em questão eram pretos[/negros]???

A primeira dúvida que me assalta é o número disparado -- 500 pessoas!

(Nota sobre os jornais de referência: «Teriam sido 500? Mil? Dois mil? A fonte [policial] do DN, com vasta experiência profissional, não se coibiu de apontar para os dois mil.»)

Ou seja, assim como, por exemplo, .................................................... (preencha você mesmo: qual foi a última manifestação com cerca de 120 pessoas?).

E de volta à indignação: alguém tem de se queixar da correcção política dos bronzeados proprietários de estabelecimentos comerciais de veraneio, que não apontando a pele dos indivíduos em questão se limitavam a dizer para a t.v. que «não eram portugueses, mas não percebi que língua é que falavam» (de entre todas as línguas possíveis: são-tomês, goês-damãoês-diuês, timorês, guineês, moçambiquês, angolês, brasileño...).

Alguém tem de apear o senhor Capucho, que não liga cá a essas cenas de raça ou nacionalidade mas garante que «não são de Cascais» (porque não diriam, com bons modos, «ó tia, passe daí a carteira louis vuitton»).

(Pausa para meia-de-leite e trabalho escravo. Continua.)